sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Naquele dia... Tudo estava como antes. Via as marcas secas de copos sobre a mobília, um programa que regride as mentes infantis passava na televisão, a casa ainda estava com resquícios de bagunça e seguramente suja. Não saberia dizer como um apartamento poderia acumular tanta poeira ao ponto de se juntar com os cabelos que caem pelo chão, e com os pêlos que caem da gata formando bolas de pó que andam para lá e para cá quando o vento entra pelas janelas e esfria os cômodos mesmo que o dia lá fora não esteja frio.
O apartamento é frio, estranhamente gelado...
Ela usa grandes sacos de lixo pretos, que permanecem semanas dentro de casa até que comecem a apodrecer as coisas que estão dentro deles. Lixo de banheiro, papel higiênico usado, lixo de cozinha... Como produzimos lixo, lixo, lixo... Para tudo há uma embalagem, e sua vida sedentária acaba ainda mais com o meio ambiente. Mas ela não parece se importar muito, quem se importa?
Para variar, ela está nua, quase nua. Na frente do computador digita suas impressões sobre a manhã. Espreguiça-se e vê os roxos em seus braços, os roxos que Ele deixou. Seu seio direito está apoiado em seu braço direito. Ela sente-se farta do que comeu. Os cabelos estão presos de forma desgrenhada, e os fios que caem sobre sua nuca, roçam-lhe a pele como algodão.
Lembra-se de ter sonhado com livros. Em seu sonho, seus livros estavam desaparecendo. E ao acordar sentiu-se sedenta por lê-los, e recorda-se de que quando mais nova lia com muito mais gosto e motivação. Suas vontades para com o que lhe pode ser de fato proveitoso têm-se mostrado a cada dia menos presentes...

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